Nos EUA não basta obter o registro, os profissionais atuam de forma especializada e fazem cursos para ter as certificações
É interessante saber em que nível de desenvolvimento se encontra a profissão de corretor de imóveis fora do Brasil. Segundo José Eduardo Cazarin, proprietário da Axpe Imóveis, que conhece bem o ramo imobiliário nos Estados Unidos, o mercado norte-americano está em um nível de profissionalismo bem à frente do nosso. “A começar pela associação dos corretores deles, a NAR, que é uma entidade poderosa e ativa. Para se ter uma ideia, em uma das eleições presidenciais a entidade foi a quinta maior doadora da campanha de um dos candidatos”, comenta.
“Além disso, eles são extremamente ativos no que diz respeito a pesquisas, benefícios aos corretores e treinamento dos profissionais. Eles realizam uma convenção anual que reúne cerca de 25 mil corretores e ainda têm uma feira de negócios que é do tamanho do Anhembi. Isso mostra o nível de organização, que é bem superior ao nosso”, exemplifica.
Especialização
O desenvolvimento da parte educacional do corretor é algo que também chama a atenção, segundo Cazarin. Lá não basta obter o registro, eles atuam de forma muito especializada e os corretores fazem cursos para ter as certificações. “É comum pegar um cartão do corretor e constar que é certificado em imóvel de luxo, lazer ou locação, por exemplo. Essas certificações são obtidas por meio de cursos e provas. Eles estão muito preocupados com o desenvolvimento do profissional e o corretor é bastante especializado”, explica.
Lá também existe um cadastro único para a venda de imóveis. Todos os imóveis que são vendidos no país são colocados neste cadastro, que é entregue com exclusividade para um corretor. “Normalmente, três corretores vão até a casa do vendedor e mostram suas propostas e o que vão fazer para vender o imóvel. Algo bem estruturado, com apresentações em power point. O cliente, então, escolhe qual deles vai comercializar o seu imóvel e lhe dá exclusividade”, explica.
No entanto, como o imóvel fica em um banco de dados nacional, qualquer corretor terá acesso a ele. E se, por acaso, tiver um cliente interessado naquele imóvel que não é dele, ele liga para o corretor que tem a exclusividade e negocia de vender e dividir a comissão. “Cerca de 80% dos imóveis vendidos por lá sempre envolvem dois corretores. Como há esse cadastro único, a maioria dos corretores é focada em trabalhar para os proprietários e para captar imóveis porque sabe que alguém vai vender aquela unidade”, diz Cazarin.
Graziella Labate, proprietária da imobiliária Graziella dos Imóveis, completa dizendo que os norte-americanos são mais assíduos às feiras do mercado imobiliário. “Eles se unem e vão juntos aos eventos. Eles também são mais marqueteiros, fazem vídeos com seus produtos e serviços, colocam foto no cartão, algo que chegou a ser tentado no Brasil, mas que não pegou”, comenta.
Ela também acha interessante o sistema único de imóveis. “Isso evita que ocorra a concorrência desleal, com pessoas atravessando o trabalho do outro. Aqui até tentaram fazer algo semelhante, mas não conseguiram. Outra diferença é que lá o próprio corretor negocia suas vendas, aqui tem a figura do gerente para intermediar. Lá também tem muitos idosos atuando como corretores.”
Portugal
Em relação a Portugal, Graziella afirma que o país europeu oferece excelência na prestação de serviços. “Há uma diferença grande em relação aos serviços prestados aqui, já que lá eles têm o pós-vendas muito bacana e aqui não é todo mundo que faz isso.”
Outro diferencial apontado por Graziella é a rapidez da documentação. “Lá a avaliação de toda a documentação sai de imediato. Aqui leva de quatro a cinco dias e isso, muitas vezes, faz a gente perder o timing do negócio”, avalia.
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